the island.
Seis meses se passaram e recebi a noticia de que abriram um novo curso na faculdade, só de Fotografia, recuperada decidi voltar aos estudos que passaram de acordar as 4 da manhã para pegar uma van, para as 5 da tarde, o que melhorou bastante no meu desempenho... Anos se passaram, finalmente comecei o meu trabalho de conclusão de curso e o segundo emprevisto aconteceu, minha casa foi roubada e levaram além dos pertences mais valiosos la dentro, todo o meu equipamento fotográfico, duas câmeras profissionais, algumas lentes, acessórios... Fiquei realmente desanimada e não entendi o porque de estar acontecendo aquilo depois de tanto esforço da minha parte. Perguntei ao universo e poucas semanas depois ele me respondeu com o primeiro lugar no Premio Sangue Novo de Jornalismo Paranaense, em um projeto feito sobre a vida nômade de artistas circenses junto com a Camila Menegusso, Bruna Aguiar e Isabelle Vincentini. Então decidi continuar, achei que aquilo poderia ter um propósito qualquer, mesmo sendo difícil de acreditar, foi o que me manteve de pé e a procura de seguir meus sonhos.
Não conseguia mais dormir a noite, eu e meu ex marido decidimos vender o restante das coisas em casa e nos mudar para Irlanda, não sabia muito bem o que estava fazendo, não falava a língua, conhecia somente duas pessoas no país, mas não tinha mais nada a perder e arrisquei, bom pelo menos eu achava que não. Chegando lá perdemos todo o investimento feito na escola de inglês, que faliu, e não nos devolveu nenhuma parte, e o casamento foi as ruínas. Mesmo só com dois meses de inglês consegui meus primeiros trabalhos como Freelancer fotográfica em Lojas Vintage pelo Temple Bar, ao mesmo tempo comecei a desenvolver um trabalho autoral sobre Homens de barba ruiva pelas ruas Dublin, o projeto deu certo e foi publicado por diversos sites e blogs lá e também no Brasil, o que me deu uma popularidade na Irlanda a qual não esperava, comecei a fazer ensaios fotográficos e casamentos até pra fora do país, a primeira noiva a me levar para fotografar fora da Irlanda me levou para Faro, Portugal, onde eu tinha alguns familiares morando já a alguns anos mas ainda não tinha tido a oportunidade de os visitar, minha prima me deu um plano de escape caso eu não quisesse mais voltar pro Brasil que acabou por funcionar.
Depois de um ano morando em Dublin, onde vivi os melhores dias da minha vida e ainda vivo, e com vários dos mais pequenos sonhos se realizando, finalmente meu visto acabou e precisei voltar para casa... Depois de uma semana de volta ao Brasil percebi que não era mais ali o meu lugar, sentia muita falta dos meus amigos, clientes, tudo estava muito diferente. Foi então que me mudei para Portugal... Chegando aqui precisei trabalhar por mais de um ano fora da minha área e infelizmente deixei a fotografia de lado mas por um motivo maior que era uma permissão de residência no país, que me permitiria viver na Europa novamente. Esse processo é bastante delicado e complicado, mas finalmente consegui me legalizar e voltar a Dublin depois de quase dois anos longe. Para a minha surpresa mais uma vez, ainda tinha lá alguns dos meus clientes e muita gente que se lembrava de mim e do meu trabalho, além de uma família Lithuana que eu ganhei de presente da vida e que me ajudou a descobrir quem eu realmente sou, sem família, sem bens, sem companheiro, sem religião, só eu e meus sonhos.
Em muitos dias durante esses 4 anos que contei aqui, pensei no que realmente valia a pena, pensei em desistir da vida muitas vezes, porque achava que eu não servia mais para nada, que ninguém mais me amava ou amaria, me sentia insegura comigo mesmo, e quanto mais eu escutava e acreditava no que os outros falavam e inventavam de mim, a cada amigo que se afastava, mais eu me afundava...
Hoje em dia eu moro com amigos que fiz em Dublin e que sempre me dizem que se eles tão aqui, e também tudo o que eles fazem aqui, é minha culpa! Hoje alguns deles já se mudaram de novo, casaram e construíram famílias, tiveram filhos, e se isso tudo foi por minha culpa, porque eu estava aqui e os ajudei quando precisaram, com certeza só por isso a minha vida já não foi em vão, e eu agradeço por ter sido forte e estar aqui pra cada um deles... Todos nós temos algum propósito na vida, mesmo quando parece que tudo te foi tirado não desista, ainda resta o mais importante que é você!
Hoje em dia eu tenho a minha própria empresa de Fotografia em Portugal, e vou para Irlanda pelo menos de dois em dois meses matar as saudades, ver a família, e fazer agenda com meus antigos e novos clientes, viajei em torno de 15 países a trabalho e a passeio, e tenho a agenda para ensaios e casamentos aberta para toda a Europa. Ah, consegui comprar todos os equipamentos de volta, e não aqueles que foram roubados, mas sim o dos meus sonhos, aqueles que os fotógrafos do Flickr usavam!!
Que esse trecho da minha história sirva de inspiração para todo ser humano que passar por aqui! Não desista dos seus sonhos, corra atrás dele mesmo parecendo que está muito longe! E o mais importante de tudo,
seja você!
Olá, meu nome é Isla Grossi, tenho 25 anos, formada em Fotografia pela Universidade Positivo. Sou natural de Paranaguá, uma cidade no litoral do Paraná, ao sul do Brasil. Tenho a paixão pela fotografia desde pequena, mas como não possuía nenhum tipo de equipamento passei alguns anos da minha adolescência viajando pelos clicks de diversos fotógrafos pelo mundo através do Flickr.com. Meu sonho a partir daquele primeiro contato sempre foi de descobrir e realizar aquele tipo de fotografia, lugares, técnicas... Acabei por fazer vários cursos iniciantes, workshops, e ingressei na faculdade de Design depois de uns anos. A faculdade era longe, mas nada impossível, 180km de van diárias para ir a capital assistir as aulas, apesar de tudo a empolgação por aprender sempre me manteve ativa, pelo menos até o início do segundo período quando eu descobri um tumor no seio direito, era benigno mas por estar do tamanho de uma laranja era necessária uma cirurgia de urgência, precisei trancar a faculdade por seis meses porque não conseguia pegar o transporte diariamente devido a operação.